Domesticação De Animais: Afeto A Quatro Patas

09 Feb 2018 23:43
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Cachorro é como menina: basta surgir perto de uma pessoa pra receber carinho e admiração. Gatos, tartaruguinhas e papagaios são similarmente convidativos a um afago. Debaixo do mesmo teto, os animais se misturam à vida dos homens trocando companhia e amizade, numa ligação muito além de cada sentido utilitário. Cachorros, gatos, peixes e outros animais domésticos não são desenvolvidos pra cuidar de alimento, como galinhas no fundo do quintal, nem sequer tampouco para socorrer no trabalho, como burros de carga.A paixão por bichos atravessa a história humana e independe da geografia. Num estado como os Estados unidos, existem hoje 475 milhões de animais domésticos - dos quais quarenta e oito milhões de cães e 27 milhões de gatos - ou dois pra cada habitante. Estima-se que dez por cento dos brasileiros tenham um cachorro. Na França, a relação é de 18 animais domésticos por 100 habitantes. Números significativos existem igualmente da Suíça ao Japão. É uma convivência sem fronteiras.Porém o que leva os homens no mundo cada vez mais urbanizado de hoje a apreciar a companhia de bichos? Antes de qualquer coisa, a história desta combinação é bem mais antiga - vem do tempo em que as sociedades humanas não passavam de agrupamentos em que a organização familiar e social, bem como a divisão de tarefas, apenas engatinhava. Ao entender a cultivar a terra, o homem do Neolítico entendeu também a formar animais como reserva alimentar. Disso nasceu a suposição que explicava a agregação gente-bicho exclusivamente em termos de domínio dos animais pelo homem.Mais há pouco tempo, mas, entrou em cena o conceito de co-expansão, que indica na direção de uma espécie de pacto implícito entre bichos e pessoas, com vantagens pra ambas as partes. Os lobos, primeiros animais domésticos e ancestrais dos atuais cachorros, ganharam ao conviver com o homem proteção contra predadores, comida sem necessitar disputá-la com outros carnívoros e até o abrigo aconchegante do calor das fogueiras. Os assentamentos humanos se tornaram referência abundante de sobras de alimentos, que atraíram pássaros, que por tua vez atraíram gatos e em vista disso por diante. À quantidade que a convivência evoluía, os animais foram se tornando bem como equipamentos de estima, numa recorrência que permeia algumas culturas e épocas.Os opulentos habitantes da antiga cidade grega de Síbaris, no sul da Itália (da qual veio o adjetivo sibarita, para eleger pessoa rica e indolente), e alguns participantes da aristocracia ateniense tinham especial predileção pelos cachorros. Pela China, o cão pequinês era venerado pela dinastia Han, há em torno de 1000 anos. Mesmo pela Inglaterra do século XVII, durante o tempo que o público formava cavalos até que morressem ou torturava bois e porcos ao matá-los, os monarcas da dinastia Stuart eram apaixonados por cães. Ao vir ao Novo Mundo, os europeus descobriram que tribos americanas mantinham animais de estimação. Era o caso dos navajos e seus gatos.Se para os animais a proximidade dos humanos foi um achado, os homens também lucraram, tirando sustento da carne dos bichos que montavam e usando tua força para guarda, serviço e transporte. É direito que essa ligação originalmente utilitária de dominação foi sedimentando na mente humana a percepção da inferioridade animal.Daí a maltratá-los sem necessidade ou mesmo por entusiasmo foi um passo, como acontecia rotineiramente pela Europa até o século XVIII. Este sentimento é a cota mais importante da convivência entre homens e animais. O animal responde incondicionalmente ao amor dos homens”, analisa a psicóloga Maria Helena Scherb, dona de um cachorro e dois gatos. O psiquiatra americano Aaron Katcher, autor de diversos livros sobre isto homens e bichos, vai mais longe. Para ele, os animais influem diretamente a respeito da saúde física e psicológica dos donos.Nas circunstâncias em que se está triste ou solitário, um animal serve pra fazer companhia. Ademais, é alguma coisa vivo para se cuidar e para se perceber vital, já que o bicho depende da pessoa. Em ocorrências de aflição ou de pânico, o animal funciona como fonte de apaziguamento: ao tocá-lo e afagá-lo, podes-se adquirir um sentimento de segurança.11 "O Concurso de Boniteza" 09 de junho de 200426 "Um Desastre de Conhecido" 25 de setembro de 2010quatro Ligações externasPeito de frangoAll Love, Dr. Stanleyis?K46wIrr2i0hOZnE9wGIw4J_3wuG-_T49WY9fk4t6IEk&height=200 O ser humano tem uma indispensabilidade de contato físico que é preenchida pelo animal”, nota a veterinária Hannelore Fuchs, que se doutorou em Psicologia na Universidade de São Paulo em 1987 com uma tese sobre isso homens e animais domésticos. Como se compreende, a existência atribulada das cidades enormes nem sempre deixa tempo (ou cabeça) para que as pessoas dêem ou recebam amor pela hora que desejam. Deste modo, se o bicho homem mais próximo está ocupado, a escolha para muitos é afagar o de 4 patas. Pra uma menina, por exemplo, um cachorro poderá servir como aula de vida: o bicho cresce diante de seus olhos, engravida, tem filhotes, fica doente, morre.Por um lado menos prático e mais sentimental, o cachorro funciona como sucessor dos pais provavelmente ausentes num momento em que a criança precisa de ternura, ou inclusive até quando ela briga com eles. Cada piá que tenha um cão chora as mágoas para ele quando fica chateado. Nem é necessário ser criancinha para bater longos papos com os bichos e neles descobrir conforto.A apresentadora de tv Xuxa diz que entende e gosta mais de garotas e animais do que de adultos. Em sua casa vivem dezoito cachorros, dez micos, 40 periquitos, três papagaios, um tucano, dois faisões, duas codornas, um carneiro, além de - ufa! As meninas e os animais gostam do meu jeito de ser mesmo que esteja mal vestida e sem maquiagem, ao contrário dos adultos”, observa Xuxa. Ela conta que no momento em que tem dificuldades e quer desabafar discussão com os bichos, principalmente com o fila Xuxo: “Eles só ouvem, não recriminam não respondem, e o Xuxo ainda chora próximo comigo e tenta me alegrar”. Bicho não é só consolo de jovem. Os velhos padecem de um isolamento gradativo devido à idade e ao culto da juventude que permeia a cultura ocidental na atualidade.

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